Os filmes americanos nos deram, ao longo dos anos, a emocionante ideia de que silenciadores de armas são um passaporte para causar estragos com um revólver sem ser ouvido ou visto por nenhuma pessoa além da que vai receber o projétil. Aprendemos, com as produções hollywoodianas, que um verdadeiro atirador não deve produzir um estrondoso “bam!”, e sim um suave “psiu”. Apesar disso, poucos de nós já estivemos “pessoalmente” com um silenciador de verdade, e muito menos sabemos o seu funcionamento.
Para melhor explicar isso, vamos fazer uma analogia científica. Imagine uma garrafa de champanhe no ano-novo. Quando sacudimos a garrafa e gritamos “Feliz 2011”, uma tampa é expelida de um ambiente repentinamente aquecido (a garrafa agitada), exatamente como o disparo da bala de uma arma, processo que resultará em um som. A alta pressão com que o gás do champanhe é liberado faz com que ouçamos as ondas sonoras amplificadas.
Os champanhes são engarrafados sob pressão. A tampa pula fora das garrafas porque o ar dentro delas aquece e se expande. A explosão que libera a bala de uma arma, por sua vez, ocorre quando a pólvora instalada por trás da bala é inflamada. Ela queima e libera gases violenta e rapidamente. Assim como o barulho que ouvimos no estourar de uma garrafa é resultante da pressão do gás sob a tampa, o barulho que ouvimos da arma é a expulsão repentina do gás originado pela pólvora.
Os silenciadores, portanto fazem o seguinte: reduzem a velocidade, volume e temperatura desse gás. Isso é possível graças a uma série de estruturas. Uma delas nada mais é do que uma grande câmara oca (se você já viu um silenciador, pelo menos no filme, é aquele tubinho cilíndrico), unida à extremidade do cano da arma. Este espaço, vazio, é destinado para que o gás se expanda por ele sem pressão, e consequentemente, sem barulho.
A outra estrutura é uma série de câmaras pequenas, quase como favos de mel feitos de metal. Tais “favos” fazem o fluxo de gás ser irregular, interrompido por desvios, o que diminui o ímpeto da passagem do fluido. A diminuição desse ímpeto reduz o calor com o qual o gás passa através da arma. Quanto menor a temperatura do gás ao chegar à culatra (lembrando que esse gás, que vem da pólvora, é empurrado para trás), menor o estrondo na hora do disparo.
Fonte: hypescience